Espectáculo taurino da ilha Terceira precisa da "sorte picada"

Com o regresso do toureio a pé e consequente "Sorte de Picar" às touradas da ilha Terceira esta "será a melhor praça de Portugal" disse hoje o presidente da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (TTT), Arlindo Teles.
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"É importante perceber o peso da projecção internacional que tem o toureio a pé e nesse sentido, a recuperação do primeiro tércio tem de ser uma realidade imediata", defendeu na abertura do Fórum Mundial da Cultura Taurina.


Arlindo Teles sublinhou que "os ataques desferidos à tauromaquia resultam da falta de conhecimento e de ignorância exacerbada, acompanhados por uma tendência em adoptar posturas do politicamente correcto que não é mais do que a negação da própria democracia".


O encontro que reúne especialistas de Portugal, México, Colômbia, França, Peru, Equador, Venezuela e Espanha, assim como representantes dos clubes taurinos de Londres, Milão e Nova Iorque vai fazer uma reflexão sobre a Literatura, a Ecologia, a Política, a Filosofia, a Estética, a Ética e o Direito no mundo taurino.


Arlindo Teles, que falava na abertura dos trabalhos, disse que falar de Cultura Taurina pressupõe "perceber o fascínio, desde os primórdios da humanidade, que sempre sentiu o homem pelo toiro, um animal com características distintas".


Foi essa relação milenar, continuou, que "levou ao desenvolvimento de variados tipos dos denominados jogos taurinos até chegarmos ao mais completo e erudito que é a lide em corridas de toiros dos nossos dias".


Reclamou que "os media e os responsáveis políticos do mundo tenham apenas o mínimo de abertura e coragem para que a festa brava se afirme por isso".


Arlindo Teles assumiu que "é nossa a responsabilidade colectiva de transmitir todo este grande legado às gerações vindouras" pelo que "chegou a hora de dar o salto qualitativo na festa brava da ilha Terceira".


Para o presidente da TTT "a corrida de toiros é o espectáculo cultural mais rico que se conhece porque encerra estética, expressão plástica, movimento, cor, rito, representação cénica, ética, respeito, galhardia, valor e emoção".


Por tudo isto considerou que "a tauromaquia não é uma actividade marginal da nossa civilização" e tem no seu conjunto "uma enorme importância cultural, histórica, económica e social".


Revelou que a TTT tem um projecto, denominado "Taurotour" que visa "dar mais qualidade aos espectáculos, nomeadamente a inclusão do toiro de 4 anos que com a sua magnitude deve preencher em exclusivo as corridas".


A estratégia contempla a cobertura da praça de toiros da ilha Terceira para aumentar a temporada taurina no período entre a temporada europeia e americana.


"O nosso objectivo final é uma estratégia integrada com actividades que melhorem a qualidade dos espectáculos e, ao mesmo tempo, internacionalizem a tauromaquia açoriana", adiantou.


Para que isso seja possível, preconiza ainda "a criação de um circuito turístico intitulado «A Rota do Toiro» e a implantação de um monumento ao toiro (já em desenvolvimento), bem como a criação de um museu taurino", que está em projecto.


Arlindo Teles preconiza "uma aproximação aos níveis de excelência dos grandes centros taurinos mundiais" para que exista um efeito que permita "tirar dividendos aos níveis turístico, económico e cultural".


Aponta um futuro risonho à festa brava açoriana porque "a ilha Terceira e os Açores têm uma oportunidade de integrar o riquíssimo circuito turístico mundial de Feiras Taurinas".


Com qualidade, adiantou, será possível mostrar "a corrida de toiros como uma arte que sublima a vida, baseando-se numa permanente dicotomia entre o risco e a beleza, a tragédia e a glória, a provação e a superação" que encanta milhões de aficionados em todo o mundo.


Na primeira conferência do fórum o investigador e jurista açoriano Álvaro Monjardino afirmou que "só é preciso vontade política para que a Assembleia Legislativa Regional dos Açores legisle sobre touradas picadas e, no limite, as touradas de morte".


Álvaro Monjardino, antigo presidente do Parlamento açoriano, sustentou que "desde que desapareceu da Constituição o interesse específico, o caminho está aberto".


Mais do que a questão da falta de "vontade política", o jurista admite que não terá havido "até ao momento a oportunidade para [os políticos] se manifestarem sobre esta matéria".


Álvaro Monjardino considera que o "obstáculo às touradas picadas", invocado "de forma especiosa e forçada" pelo Tribunal Constitucional, já desapareceu da lei.

Com o novo Estatuto Político Administrativo, existem poderes para legislar sobre os toiros de morte nos Açores, salientou o jurista, considerando que o diploma "neste momento dá para tudo".


As touradas de morte constituem somente uma contra-ordenação "a nível nacional" mas deixou de "ser um crime e por esse facto deixou de ser matéria reservada da Assembleia da República", podendo ser sujeita apenas a "competência regional" de gestão.


Assim, "não é isso [legalizar a tourada de morte] que se põe em causa neste momento" mas "está tudo em aberto, completamente em aberto", precisou.


O Fórum Mundial da Cultura Taurina, promovido pela Tertúlia Tauromáquica Terceirense, decorre até Sábado na ilha Terceira com cerca de duas centenas de participante oriundos de onze países.


Os especialistas de Portugal, México, Colômbia, França, Peru, Equador, Venezuela e Espanha, assim como representantes dos clubes taurinos de Londres, Milão e Nova Iorque vão fazer uma reflexão sobre a Literatura, a Ecologia, a Política, a Filosofia, a Estética, a Ética e o Direito no mundo taurino.


Para a organização este fórum "é dos mais ambiciosos eventos taurinos realizados em Portugal e o mais recheado de nomes sonantes do mundo taurino internacional".

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